sábado, 25 de abril de 2009

Reinvenção





Reinvenção, de Cecília Meireles


A vida só é possível reinventada.
Anda o sol pelas campinas e passeia a mão dourada pelas águas,

pelas folhas...

Ah! tudo bolhas

que vem de fundas piscinas de ilusionismo... — mais nada.
Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada.


Vem a lua, vem, retira as algemas dos meus braços.

Projeto-me por espaços cheios da tua Figura.

Tudo mentira! Mentira da lua, na noite escura.
Não te encontro, não te alcanço...

Só — no tempo equilibrada, desprendo-me do balanço que além do tempo me leva.

Só — na treva, fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada.


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