quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Ser cativado


O tempo não para”. Peço licença a Cazuza, mas eu preciso plagiá-lo.
            O ato de cativar requer tempo, respeito ao tempo do outro. Espera... é como um animal de estimação quando emerge na sua juventude, tudo o que ele quer é brincar e tudo o que você quer é abraçá-lo. Há um tempo. Espere... e um dia ele procurará seu colo.
            O ato de cativar é um jogo que há de se cultivar por toda a vida. Não termina quando finalmente se realiza. Pronto!!! Cativei! Ganhei o jogo! Ganhei você! Ganhar a pessoa para si é fácil, difícil é manter o afeto. Cativar requer manutenção constante, é uma troca de energia, pois para cativar é preciso ser cativado.
            Há amizades que se quebram feito cristal, não dá mais para colar; não são copo de requeijão. Talvez por não ter cativado de verdade ou por ter cativado de forma muito rápida e intensa, não deu nem tempo da massa secar! O que era amigo torna-se inimigo ou... puf!, o espelho fica embaçado, não se reconhecem mais. Ainda assim, o “inimigo” é um alerta ao que não devemos ser, ao jogo que não vale a pena jogar. É quando se faz necessário distanciar-se.
            Reconhecer que o tempo não para é dolorido, nos coloca como atores, aqueles que agem, protagonistas. É urgente a mudança! Largar o emprego chato, realizar aquela viagem, escrever aquele poema, sair da casa dos pais para estudar fora, gerar uma vida ou uma obra! Terminar um relacionamento, iniciar uma nova relação, retornar à relação antiga só que modificada, porque os fatos, as quedas, as alegrias... o tempo nos transforma.
            Também é necessário ter a consciência de que afastar-se de quem se gosta para conhecer-se melhor não paralisa o tempo. A vida continua do lado de fora de nossas casas. Você pode um dia se despedir da Rosa e sair em odisseia rumo a você mesmo. Mas lembre-se, você pode retornar, com uma saudade imensa, e a Rosa pode não estar mais lá. As rosas são efêmeras.
            E assim, “Todos estes que aí estão atravancando o meu caminho. Eles passarão. Eu passarinho!”. Mário Quintana!!!… (risos) Ele passou. Eu passarei também. Vocês passarão. Tudo passa. “Porque o tempo, o tempo não para”.
 Cilla Amaral

Nenhum comentário:

Postar um comentário